quarta-feira, 25 de junho de 2014


Os primeiros raios de sol entravam pela janela. Rosa acordava
sentindo o perfume da grama molhada pelo orvalho, e a primeira coisa que fazia era abrir a janela do seu quarto. Sentia-se feliz em olhar a paisagem, o céu em tons de rosa e azul inundavam sua visão, as andorinhas a despertavam com uma cantiga feliz, a mangueira carregada de mangas abria-lhe o apetite. Mas a ideia do café feito no fogão de lenha era o que a fazia pular da cama.
O cheiro da refeição matinal tomava conta da cozinha. Café fresquinho, leite de cabra tirado na hora e pães quentinhos com manteiga eram sua primeira refeição antes das primeiras tarefas do dia, que consistiam em varrer o quintal, estender a roupa no varal, alimentar o Chico, o gato angorá. Mas a sua atividade preferida era bordar.
Rosa era uma moça prendada, tudo o que ela fazia era com capricho. Suas criações eram delicadíssimas, bordava lençois, toalhas, lencinhos, vestidos e outras coisas que só uma pessoa dedicada ao que faz consegue fazer.
Assim era o dia a dia de Rosa. Vivia só, a natureza fazia-lhe companhia. Como ela percebeu que o tempo passava por ela, um dia decidiu ir ao coração da cidade em que vivia, para buscar uma história.
Vestiu-se com um vestido amarelinho de algodão, da mesma cor dos raios de sol que entravam pela janela de seu quarto. Esse vestido foi bordado com linhas de seda por ela. Era delicadamente bordado com duas borboletas. Sinal de esperança? Talvez. Indício de felicidade? Quem sabe. Rosa sempre foi feliz. Mas a felicidade sempre bate às portas de quem ama de verdade.
Quando ela chegou ao coração de sua cidade, procurou por um armarinho em que pudesse achar uma linha vermelha, da cor do do coração. Nenhuma loja tinha tal linha.
Mas passava por ali um moço que não era morador da cidade e que vendia agulhas, linhas, fitas, tecidos finíssimos que nunca ninguém havia visto antes. Nem mesmo Rosa.
O moço, olhando bem fundo nos olhos de Rosa, beijou-lhe as mãos, e disse que tinha o que ela ansiava. Não só a linha, mas também a história que ela tanto procurava. Uma história escrita com linha vermelha, da cor do coração.

Assim, Rosa e esse viajante conversavam no coração da cidade. E à medida que conversavam, davam fio a uma história. Uma história de quem conhece a felicidade, e sabe que ela está bem ao lado de quem busca as coisas simples, de dentro do coração.   

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